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No fim do dia você percebe a extraordinária história que é sua própria vida. O despertar com o toque irritante e persistente do celular. O Desejo de dormir mais cinco minutos que se torna tão grande ao ponto de pensar em partir em pequenas partículas o seu inseparável elemento digital, como se fosse à quebra de um átomo, só por que ele obedece às ordens sãs de um indivíduo insano, para acordá-lo. Ao levantar, percebe-se quão maravilhosa é a dádiva da vida e agradece a Deus por tudo. Toma um café preto. Come uma bolacha de água e sal e sai para labuta. Um dia cheio está a sua espera. Documentos a fazer. Toca o telefone e do outro lado da linha alguém só escuta a sua voz. A hora passa lentamente como se o dono do tempo mudasse a percepção de tudo. Senti-se o cansaço. Percorre o corredor rumo a lugar algum, o objetivo é ir para onde não se estava por que onde estava não queres ficar. Do dia ao fim, o trabalho se encerra e com ele se vai também à coragem de um leão. O retorno para casa ainda é um longo trajeto. Muitos carros, buzinas, sinais, rotatórias e o pedestre sem faixa. O sol esquenta as ruas e aquece o coração. Num bater constante e ininterrupto, o dia de sua morte, o impulsiona até o fim desejado. Em casa o almoço pronto. Tira-se a camisa. Abri-se a gaveta e as chaves são lançadas. Carteira e um pen driver de pouca capacidade encontram seu espaço. Em cima da cômoda o celular fica e com ele a vontade involuntária de adentrar ao um sono profundo e relaxante. O prato na mão começa-se a luta pela sobrevivência: arroz, feijão e o galeto com batatas. Os olhos se fecham e sussurros rápidos são ditos: “Pai, abençoe este alimento. Amém!” Em poucos minutos algo grandioso que se construiu, tornou-se apenas lenda. A cama o aguarda. Lençol no rosto e não se vê mais nada. Lá pelas dezesseis horas abrem-se os olhos e vê somente o pc. Rola uma empatia e você adentra o mundo virtual numa conexão de 49 Mbps. O tempo passa. Muitas conversas se vão. Escovam-se os dentes. Manda umas mensagens pelo celular. Ler a bíblia. Ora. E tudo se repente.
3 comentários:
rsrsrsrrsrsr
Se fosse a Luana ela te chamaria de "menino romântico, que vive num mundo literário".
Pq é engraçado vc usar tantas palavras para dizer que seu dia é normativo, que oscila entre tediante/casual.
Mas olhando pelo viés descritivo, é muito interessante a maneira pelo qual vc descreve as nuancias daquilo que constitue seu dia, sua vida. E o mais legal atribui valor a todos.
Coisa que nem todos conseguem fazer, se é perceber.
Beijão
=*
Se o dia tivesse um pouco mais do que 24h, publicaríamos seu post e teríamos um best-seller! Hehehe!
É engraçado como toda rotina tem a sua beleza e nós próprios nem sempre percebemos a graça da nossa.
Beijoca!
Lembrei muito de Caio Fernando Abreu... Um descrição bem particular, que ao mesmo tempo se confundi com as particularidades de muitos outros indivíduos a ponto de ter um caráter coletivo em algo tão individual. Belo meu caro, belo..
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