Denison Rafael

Denison Rafael
Imagem retirada de: ranchocarne.org

segunda-feira, 16 de março de 2009

AMAR, UM RARO SABER

As paixões desmedidas são verdadeiras feitoras que nos fazem escravos do amor. Dela partem Espessos grilhões que nos prendem a uma insólita nostalgia. E o tempo cruel, de mãos dadas às casualidades – juntos – nos torturam com as chibatas das saudades pelas distancias espaciais. O coração, sôfrego, passa a viver nos limites do misticismo. Ó, triste e belo objeto de uma satisfação romântica!
Espere aí, não precisa ser amor de Romeu e Julieta, essa você já conhece. Suicídio!!
Sim, você não deve topar uma dessas. Mas que esquisito, não? Um sentimento que é para ser tão nobre e perfeito vez por outra se mostra tão intrigante. Talvez seja porque para o amor não haja leis, regras, dogmas a serem seguidos, e por isso para cada indivíduo há uma encenação, uma aventura, um suspense, um dilema?
Na verdade, a polêmica centraliza-se na etiologia de o amor e a paixão serem sentimentos afetivos em grau e desejos (de modo singular a cada indivíduo), e essa tomada de sentido (que é sempre eufórica) é qual instinto em potencial e pode se sobrepor ao senso crítico do individuo, levando-o à prática de ações muito das vezes não axiomatizadas por um bom siso, experiência e mente equilibrada, o que deixa transparecer por tal evidência que deve haver responsabilidade e cuidado quanto aos sentimentos que podem ser não somente belos, mas também subjugadores.
Atenção! Não me entendam mal, pois não quero dizer que os sentimentos, as emoções, devem ser evitados, não, de maneira alguma. Antes, quero mesmo é autenticá-los, pois sem eles seríamos insípidos, frios, formais, não haveria transcendentes mergulhos no portentoso mar das gostosas sensações que só a paixão proporciona. A questão é não perder o pé do chão, a linha. Do contrário, deixar-se guiar pelo coração – que é fácil – é como embarcar num navio sem bússola ao oceano desconhecido, não sabendo onde o destino e os perigos eminentes.
Nas brumas das emoções bem que podes flutuar, viajar, voar. Mas há um perigo, o infamo de visão assinala indubitáveis incidentes poucos desejáveis. Por isso, que, quem ama, deve saber guiar bem seu coração para não atropelar quem esteja passando pelo caminho. É preciso sempre que se junte coração mais razão. E, agir com razão é agir com paciência, é saber a arte de ouvir (e ouvir antes de falar), é buscar conhecimento, se informar, comparar e escolher o que é melhor para si e para o outro.
Amar demais em silêncio é patético. Que coisa, essa de pensar a priori que a outra pessoa poderá, também, corresponder-nos reciprocamente. A cabeça lá nas nuvens, que maravilha... “tuf”! Cuidado, olhe para o chão, ou você pode estatelar-se nele. Que a teoria se junte com a prática.
Tudo bem, não se vive sem nenhum motivo, sem um sonho azul, sem ninguém para amar (Tim Maia). Da tenra idade à velhice estamos sempre a procura de uma íntima companhia, de um carinho, alguém para que possamos compartilhar nosso mundo interior e repasse acalentada compreensão num gesto dócil e espírito amigo.
Sobre o coração (essa terra de ninguém! consagrado adágio popular), pode não haver explicação, e toda síntese é simplesmente um ato inacabado. Entretanto, podemos aprender muito com seus anelos, pois este busca sempre se superar dizendo que nada é maior que o seu desejo. Mas são muitas as histórias de amores sem final feliz, e todos especulam o que é saber amar e há sempre uma explicação razoável que não envolve a arte de saber amar. Quem dera se ensinassem às nossas crianças e adolescentes a arte de amar pelo valor e respeito a vida tão quanto ensinam a elas a ser educadas, a ler e escrever ou, aprender uma profissão, a pegar em armas nos exércitos, sobreviver na selva, formar-se nisto e naquilo. Quem pensa em ensinar nossos jovens a ser feliz apenas pelo que são sem o desespero de uma inclusão no universo de consumo material dessa nossa “era dos descartáveis” (amando o que possuem sem a loucura de que quanto mais melhor), e isso que digo agora não é nenhuma coisa esotérica ou que dependa de religião, depende sim que se cultive a cultura da auto estima e fazer que a criança se sinta apoiada, respeitada, amada pela sua família incondicionalmente, porque esta é tendente a pautar suas ações nos exemplos mais próximos, e ninguém pode pensar que pode expressar a mentira e hipocrisia sem que os afetem sensivelmente.
Sinceridade, verdade, lealdade, o que houve com esses valores? Sem isso nenhuma sociedade pode subsistir. Quantos lares se desfazem porque simplesmente não ocorre sinceridade entre os conjugues. Políticos enganam o povo porque não aprenderam o valor da verdade. Filhos violentam os pais porque desconhecem o que é lealdade. A mudança é possível. Por exemplo, que se ensinem às novas gerações (às crianças) a sempre ser generosas, solidárias com os que podem menos, e também lhes ensinem a arte do diálogo e não a força bruta como instrumento nas relações pessoais, e o fruto deste esforço será a constituição de homens e mulheres mais capazes de amar e dar amor como tanto desejamos (pois, o fim último aqui deste conselho é um antídoto para essa cultura de violência urbana pela geração de uma nova geração de novos amantes).
Portanto, deixa ver que viver é bom, não é tão complicado, é só experimentar a emoção por que a gente dá cada suspiro – sem medo, sem preços, sem nada. Como é preciso saber gostar para não sofrer. Como é mais preciso ainda saber deixar-se gostar para ser feliz. É bem verdade que tudo nesta vida se precisa aprender, e dentre tudo nada parece ser mais preciso que saber amar.




Autor: Charles Silva Rodrigues – Boa vista, RR. 10/07/2002

P.s.: Reservei este pequeno espaço para que meu amigo Charles divulgasse seu trabalho.

quinta-feira, 12 de março de 2009

OUTROS MUNDOS SÃO POSSIVEIS?

Imagem retirada de: catedral.weblog.com.pt


Em algum momento de minha existência acreditei que o modo que vivia era a única maneira correta e coerente de aprender e apreender a realidade objetiva através de nossas subjetividades. Mas algum tempo depois percebi que vários mundos eram possíveis, isto devido a minha trajetória imposta pela natureza das coisas. De certo modo, ainda que no meu elementar cotidiano e na elevada reflexão diária que quiçá fazia, pois às vezes era confundida com devaneios, passei a reconhecer muito mais sobre a possibilidade e multiplicidade de formas imagináveis e inimagináveis de mundos. Assim, percebi que mais que um simples modo de olhar para uma flor, isto se tornou um novo mundo; perspectivas diferentes de uma mesma flor é a criação do novo.

Em poucas palavras...


O novo passou a ser o meu escopo.